segunda-feira, 8 de abril de 2013

Notas esparsas sobre o amor, por Sam Fantomas, em meados da década de 70.


O casal é a segurança hierárquica de um mundo hierarquicamente inseguro: é uma segurança que apenas suaviza a insegurança que cada um sente ‘no coração’. A não ser que haja uma luta contra a dependência emocional (por ex. estendendo relações fora do "casal“; cada indivíduo escolhendo ficar sozinho por alguns períodos razoáveis de tempo; lutando contra o mundo que cria o isolamento que está na raiz da insegurança; cada uma se recusando a prestar contas ou ser responsável pelo outro; cada um amorosamente – mas também cruelmente – desafiando o outro a enfrentarem seus limites e enfrentarem obstáculos – sozinhos se necessário, etc. etc.) o laço vai ser tornar uma amarra e cada um vai se tornar praticamente um pai para o outro, estagnando em uma cabana quentinha e confortável, onde até o elemento brincalhão se torna estreito e limitado. O elemento de apoio e proteção nessa relação só é válido na medida em que é uma proteção contra a mentira do espetáculo e apenas enquanto for um apoio mútuo na ofensiva contra essa mentira  (até onde ela aparece nas relações imediatas dos indivíduos envolvidos). Nessa possível relação revolucionária comprometimento e intensidade não mais significam monogamia e  ‘responsabilidade’’, mas o envolvimento e a excitação que vem dos desafios da luta e da mudança. Apoio à miséria contra a qual não se luta não é apoio nenhum.



Aqueles que tem medo de “se envolver” como uma defesa contra a ansiedade natural de se machucar ou ficar preso vêem apenas a falsa escolha entre a possessividade neurótica versus relações ‘desapegadas’. Só que quanto mais a pessoa se guarda da dor, mais se guarda também do prazer. A questão é estar totalmente comprometido com relações onde se luta contra e se tenta atravessar a dor e a possessividade ao invés de reprimir esses sentimentos juntamente com o amor.

Fonte: Dialectical-Delinquents

Tradução: G.M.

Um comentário:

A pseudo-comunicação é fácil demais.